domingo, 15 de novembro de 2015

As Experiências Médicas Nazistas

 

Durante a Segunda Guerra Mundial vários médicos alemães realizaram “experiências” desumanas, cruéis, e muitas vezes mortais em milhares de prisioneiros dos campos de concentração. Estas “experiências médicas” imorais, realizadas durante o Terceiro Reich, podem ser divididas em três categorias. A primeira consiste em experiências que tinham por finalidade facilitar a sobrevivência dos militares do Eixo. Em Dachau, médicos da força aérea alemã e da Instituição Experimental Alemã da Aviação realizaram experimentos sobre reações à alta altitude, usando câmaras de baixa pressurização, para determinar a altitude máxima da qual as equipes de aeronaves danificadas poderiam saltar de pára-quedas, em segurança. Os cientistas alemães também realizaram experiências de congelamento, utilizando os prisioneiros como cobaias para descobrir um método eficaz de tratamento para a hipotermia. Também os utilizaram para testar vários métodos de transformação da água marinha em água potável. A segunda categoria de experiências tinha por objetivo desenvolver e testar medicamentos, bem como métodos de tratamento para ferimentos e enfermidades que os militares e a equipe de ocupação alemã encontravam no campo. Nos campos de concentração de Sachsenhausen, Dachau, Natzweiler, Buchenwald e Neuengamme, os cientistas testaram agentes imunizantes e soros para prevenir e tratar doenças contagiosas como a malária, o tifo, a tuberculose, a febre tifóide, a febre amarela e a hepatite infecciosa, inoculando os prisioneiros com tais doenças. O campo de Ravensbrueck foi o local de experiências cruéis com enxertos ósseos, e onde testaram a eficácia de um novo medicamento desenvolvido, a sulfa (sulfanilamida), às custas das vidas dos prisioneiros. Em Natzweiler e Sachsenhausen, os prisioneiros foram sujeitos aos perigosos gases fosgênio e mostarda, com o objetivo de testar possíveis antídotos. A terceira categoria de experiências “médicas” buscava aprofundar os princípios raciais e ideológicos da visão nazista. As mais infames foram as experiências feitas por Josef Mengele, em Auschwitz, que utilizou gêmeos, crianças e adultos, de forma inumana, e que também coordenou experiências sorológicas em ciganos, tal como fez Werner Fischer, em Sachsenhausen, para determinar como as diferentes "raças" resistiam às diversas doenças contagiosas. As pesquisas desenvolvidas por August Hirt, na Universidade de Strasbourg, tentaram confirmar a pretensa inferioridade racial judaica. Outras experiências repugnantes tinham por meta facilitar os objetivos raciais nazistas, com uma série de experiências de esterilização, realizadas principalmente em Auschwitz e Ravensbrueck. Lá, os” cientistas” testaram diversos métodos, com o objetivo de desenvolver um procedimento eficaz e barato de esterilização em massa de judeus, ciganos, e outros grupos considerados pelos nazistas como racial ou geneticamente indesejáveis.

As Experiências Médicas Nazistas - Fotos

 




Uma vítima das experiências médicas nazistas. Foto tirada no campo de concentração de Buchenwald, Alemanha, data indeterminada.










 
Vítima de uma experiência "médica" nazista sendo forçada dentro de um recipiente com água quase congelada gelada no campo de concentração de Dachau. O monstruoso "médico" das SS, Sigmund Rascher, supervisiona a experiência. Alemanha, 1942.





 
Foto de um prisioneiro durante um "experimento médico", em uma câmara de compressão, para determinar qual a altitude que a tripulação de um avião [nazista]poderia sobreviver sem oxigênio. No momento da foto ele havia perdido a consciência, vindo a falecer.









 
Cigano vítima das experiências médicas nazistas para transformar água marinha em água potável. Campo de concentração de Dachau, Alemanha, 1944.






 
Cigano vítima das experiências médicas nazistas para transformar água marinha em água potável.











 
Prisioneiro de guerra soviético, vítima de uma experiência "médica" nazista sobre tuberculose, no campo de concentração de Neuengamme. Alemanha, final de 1944.






 
Foto de uma criança judia forçada a fotografar a cicatriz deixada pelos "médicos" das SS que retiraram seus nódulos linfáticos. Ela foi uma das 20 crianças judias injetadas com germes da tuberculose como parte de uma "experiência médica". Todas foram elas assassinadas no dia 20 de abril de 1945. Campo de concentração de Neuengamme, Alemanha.






 
Jacqueline Morgenstern, 7 anos de idade, mais tarde uma vítima de experiências médicas com tuberculose no campo de concentração de Neuengamme. Ela foi assassinada pouco antes da libertação do campo. Paris, França, 1940.









 
Foto da perna desfigurada de uma sobrevivente de Ravensbrueck usada para a investigação dos crimes de guerra. Helena Hegier (Rafalska) foi sujeita a experiências médicas em 1942. Esta fotografia foi requisitada como evidência para a acusação no Julgamento dos Médicos em Nuremberg. As cicatrizes da desfiguração são resultado das incisões feitas por equipes médicas e que eram propositalmente infectadas com bactérias, sujeira e cacos de vidro.






 
Crianças, vítimas das experiências "médicas" do monstruoso Dr.Josef Mengele, em Auschwitz-Birkenau. Polônia, 1944.










 
Eduard, Elisabeth, e Alexander Hornemann. Os meninos, vítimas de experiências médicas com tuberculose no campo de concentração de Neuengamme, foram assassinados pouco tempo antes da liberação. Elisabeth morreu de tifo em Auschwitz. Holanda, pré-guerra.



 
Soldados soviéticos examinam uma caixa contendo veneno utilizado em experiências "médicas" nazistas. Auschwitz, Polônia. Foto tirada depois do dia 27 de janeiro de 1945.







 
Equipe das Nações Unidas vacina uma sobrevivente de 11 anos que foi vítima de experiências médicas no campo de concentração de Auschwitz. Campo de deslocados de guerra de Bergen-Belsen, Alemanha, maio de 1946.








 
Quatro polonesas chegando à estação de trem de Nuremberg para servirem como testemunhas de acusação no "Julgamento dos Médicos". Da esquerda para a direita: Jadwiga Dzido, Maria Broel-Plater, Maria Kusmierczuk, e Wladislawa Karolewska. 15 de dezembro de 1946.





 
Josef Mengele, médico alemão e capitão da SS. Em 1943, ele foi nomeado médico de guarnição da SS (Standortartz) de Auschwitz. Como tal, ele era responsável pela diferenciação e seleção dos que serviam para trabalhar e dos que seriam destinados às câmaras de gás. Mengele também praticou experiências humanas em prisioneiros do campo, especialmente gêmeos. Local e data incertos.






 
Carl Clauberg, médico nazista que fazia experiências "médicas" nos prisioneiros do Bloco 10 do campo de Auschwitz. Foto tirada em data e local desconhecidos.









 
Friedrich Hoffman, segurando uma pilha de registros de morte, testemunha sobre o assassinato de 324 padres católicos que foram expostos à malária durante experiências médicas no campo de concentração de Dachau. Dachau, Alemanha, 22 de novembro de 1945





 
Wladislava Karolewska, vítima das experiências "médicas" feitas no campo de Ravensbrueck, foi uma das quatro polonesas que atuaram como testemunhas de acusação no assim chamado "Julgamento dos Médicos". Nuremberg, Alemanha, 22 de dezembro de 1946.





 
A sobrevivente do campo de concentração Jadwiga Dzido mostra a perna com cicatrizes para a Corte de Nuremberg enquanto um médico explica a natureza dos procedimentos infligidos nela no campo de concentração de Ravensbrück em 22 de novembro de 1942. As experiências médicas, incluindo injeções de bactérias altamente potentes, foram realizadas pelos réus Herta Oberheuser e Fritz Ernst Fischer. 20 de dezembro de 1946.


 
Waldemar Hoven, chefe dos médicos das SS no campo de concentração de Buchenwald, durante o seu julgamento por um tribunal militar norte-americano. Hoven realizou horríveis experiências "médicas" nos prisioneiros indefesos. Nuremberg, Alemanha, 23 de junho de 1947.





 
Herta Oberhauser, que foi médica no campo de concentração de Ravenbrueck, é sentenciada no Julgamento dos Médicos em Nuremberg. Oberhauser foi considerada culpada por realizar experiências médicas nos prisioneiros dos campos e foi sentenciada a 20 anos de prisão. Nuremberg, Alemanha, 20 de agosto de 1947.




 
Victor Brack, um dos médicos nazistas em julgamento por haver realizado cruéis experiências "médicas" nos prisioneiros do campo de concentração. Nuremberg, Alemanha, agosto de 1947.



















sexta-feira, 13 de novembro de 2015

As Experiências Médicas Nazistas - História Pessoal

28 de março de 1919, Cambo-les-Bains, França
Claude J. Letulle

Claude cresceu no seio de uma família católica de Paris com mais quatro irmãos. Seu pai, médico, era dono de um laboratório e um próspero consultório de clínica geral. O pai de Claude o encorajava a estudar medicina e a trabalhar em seu consultório, mas Claude queria ser advogado.

1933-39: Continuei meus estudos e, em 1936, ingressei na universidade para estudar direito. Em meados de 1939 a ameaça alemã contra a França agravou-se, e em 3 de setembro de 1939 a França declarou guerra à Alemanha. Eu sabia que meu país tinha poucas chances de vitória contra os nazistas. Em outubro fui recrutado para o exército francês. Depois de um período de treinamento básico, fui promovido a cabo e designado para servir em uma divisão de tanques posicionada na área sudeste de Paris.

1940-44: Fui capturado pelo exército alemão seis semanas após ele haver invadido a França. A exemplo de outros prisioneiros de guerra, fui colocado no trabalho escravo para o Reich. Como punição por ter ameaçado matar um guarda, fui obrigado a trabalhar em um hospital onde médicos nazistas desenvolviam “experiências médicas.” Eu estava presente e vi quando eles castravam os homens e esmagavam dedos de prisioneiros em uma prensa, para “estudar” ossos quebrados. Muitos morreram durante os procedimentos. As pálpebras de uma mulher foram costuradas para cima, para forçá-la a ver em um espelho enquanto seus seios eram retirados.

Após quatro anos como prisioneiro, em fevereiro de 1944, Claude foi repatriado para a França como parte de uma troca de prisioneiros . Ele lutou na resistência francesa até o final da Segunda Guerra.